LIMA LOVE

Lima é uma cidade deliciosa. E não é (só) por causa da comida.

É como se São Paulo tivesse praia. Ou o Rio tivesse jeito.

É uma cidade grande, que concentra quase um terço dos cerca de 30 milhões de habitantes do Peru.

Boa de caminhar, a cidade tem muitas árvores e parques, bairros com personalidades bem definidas e aquela mistura de arquitetura antiga e moderna que é certeza de agradar.

Quer saber uma coisa mais impressionante? Nunca chove em Lima.

Talvez por isso a vida ao ar livre seja tão valorizada por lá. São vários parques e calçadões cheios de árvores.

Então mete o tênis no pé que a gente vai andar muito por essa cidade.

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Primeiro, o básico: ficamos num hotel bem simples em Miraflores, bairro que todo blog indica e que vale realmente a pena. De lá dá pra ir a pé aos principais pontos da cidade ou gastar pouco com taxi (sempre negociando o valor antes) ou de Uber.  Usamos os dois e foi bem tranquilo, andamos quilômetros e também foi bem tranquilo.

O hotel ficava a uma quadra de Huaca Pucllana, um dos lugares mais surreais que já visitamos. Imagina ter as ruínas de uma civilização antiga na esquina de casa. Você sai pra comprar um pão e PÁ: ruínas. Vai na farmácia e PUM: ruínas.

Não tem como não sentir a história no ar, mesmo andando numa cidade moderna. O Império Inca (e mais pra frente a gente aprende o quão errado é chamar o povo de inca) é um companheiro de viagem constante, nos nomes dos bairros, ruas e na paisagem. Então vamos contar essa história dia após dia.

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DIA 1

Huaca Pucllana então foi o primeiríssimo destino turístico do nosso trio. 12 Soles por pessoa para a visita guiada, em inglês ou espanhol, você decide qual grupo seguir. Obviamente o caminho é todo controlado, você está no meio de um sítio arqueológico ainda em estudo. São 6 hectares preservados (eram 18 no início do século XX), onde um pouco mais de 20 arqueólogos trabalham. Perguntei pra guia, no final da visita qual a expectativa de duração da escavação: 37 anos. Vai ter profissional começando a carreira e se aposentando antes de terminar tudo.

O legal de ter começado aqui é que tivemos uma aula de Peru: história, costumes, cultura, culinária. A visita passa por uma horta e um pomar, onde a gente vê tanta planta, fruta e legume que nem dá pra acompanhar as explicações, e ainda tem um cercadinho com os animais mais característicos, incluindo as MARAVILHOSAS, CHARMOSAS, QUERIDAS, FOFAS, SIMPÁTICAS e PODEROSAS LHAMAS!

Desculpa, a gente é muito fã de lhamas, alpacas, guanacos e vicunhas. Desde que entramos no carro em direção ao aeroporto – na verdade, desde que compramos as passagens – toda conversa sobre a viagem acabava em LHAMA!

Mas, voltando ao roteiro do dia. Depois dessa dose de história e fofura, voltamos ao hotel (2 minutos de caminhada) pra pegar uma roupa mais quente, porque o vento tava geladinho, e aproveitamos pra ver o segundo tempo da final da Copa do Mundo.

Depois da parada estratégica, botamos os pés na rua em direção ao Parque Kennedy. Dá vontade de morar na região. O parque em si não é muito grande, é mais um conjunto de praças e jardins que se ligam. Em volta, cafés, galerias de arte, bares e restaurantes. Rodamos, achamos um lugar bacana pra almoçar e marcamos o lugar no mapa mental pra voltar outras vezes. Viramos locais.

Praia

Lembra que Lima tem praia? Pois é, ali do parque dá pra ver que o mar está perto. Perto, mas lá embaixo. O cansaço da viagem era menor que a vontade de molhar as mãos no Oceano Pacífico, então enfrentamos ladeiras, escadarias de pedra, de metal e placas de alerta de tsunami pra chegar numa praia com mais pedra que areia, vento gelado e mar bravo. A típica praia que só tem surfista na água.

E já que estávamos lá, aproveitamos pra riscar da lista o famoso shopping Larcomar (se você gosta de shopping, vai na fé que é bonito mesmo), o Parque del Amor e a Puente de los Suspiros. Tudo muito bonito, mas meio deprimente pela quantidade de vendedor ambulante tentando arrancar dinheiro dos turistas apaixonados.

O mais legal mesmo é ver o povo saltando de parapente de um lugar que nem é tão alto, mas onde o vento é tão forte que o negócio virou mídia: parapentes patrocinados ficam sobrevoando o Larcomar feito outdoor.

De volta pro parque, pausa pra um café pra descansar e decidir o que fazer.

Bicho turista é incansável. Já era fim de tarde, tava todo mundo com os pés doendo, mas ninguém queria voltar pro hotel tão cedo, até porque em julho anoitecia mais tarde. Pegamos um Uber (funciona bem por lá) e fomos pro Parque das Águas, um trajeto de 20 minutos de carro.

Parque das Águas

Em Lima não chove. Sério, tem casa mais pobre que nem teto tem porque não precisa. Os índices pluviométricos são ridiculamente baixos. Não sei se é por isso que foi criado o Parque das Águas, mas parece um local de culto à chuva.

São fontes e mais fontes dançantes, com iluminação. Tem túnel de água, tem fonte em que você entra e torce pra não se molhar e principalmente tem o grande show de projeção na água, que acontece á noite.

São 4 soles de entrada, o parque fica do lado do Estádio Nacional, dentro do parque de la Reserva. É um passeio bem divertido se você não tem medo de passar vergonha e fazer papel de bobo (o que é sempre recomendável e saudável).

Também é legal de observar alguns costumes do povo peruano. Vimos muitos noivos fazendo fotos de casamento – até aí, normal, no Brasil essa praga é comum, mas o que mais chamou atenção foram as debutantes. Meninas novas, com vestidos superproduzidos, fazendo fotos e mais fotos com uma produção digna de editorial de moda.

E isso foi só o dia 1, que terminou com sanduíches, Inka Cola e cerveja Cusquena na lanchonete da esquina do hotel.

Dia 2

Você desce do carro na Plaza de Armas e fica girando 360º enquanto os olhos vão arregalando com a beleza dos prédios e o queixo vai caindo.

Sim, o Dia 2 foi totalmente dedicado ao Centro Histórico. Que é incrível, como você já deve imaginar.

E a melhor coisa que a gente fez foi colar num Walking Tour. Eles estão por toda a praça, de coletes vermelhos identificados, e fazem o tour de graça (claro que rola uma gorjeta no final) em inglês ou espanhol.

Com o guia, a gente descobriu informações essenciais como, por exemplo, que em 18 de janeiro, aniversário de Lima, a água da fonte central da praça é substituída por pisco. Fica a dica pra você programar a data da sua viagem.

Falando sério, os guias são bem didáticos sem serem chatos e dão um panorama geral do centro histórico, entrando em cada rua e no final levando os grupos pra uma degustação de pisco.

Devidamente batizados na bebida nacional peruana, corremos de volta pra frente do palácio do governo, na praça, pra ver a troca da guarda. Assim que acabou, da outra rua veio uma procissão religiosa. E se você pensa que o clima pesou e ficou chato, se enganou demais. As procissões no Peru – e são muitas, o ano inteiro – são com música ao vivo, uma banda de percussão e metais acompanha os fiéis tocando músicas animadas.

Como não somos santos, almoçamos no Cordano, bar mais antigo de Lima, tombado pelo patrimônio histórico, sempre acompanhados de Cusquena. Fim do dia, caminhando para nos afastarmos da praça e pegar um Uber com mais facilidade, achamos um bar de cerveja artesanal, que virou nosso local de jantar. Dali, uma passadinha num supermercado, que é sempre uma diversão, e hotel.

Dia 3

O terceiro dia começou de um jeito raiz: mercado público. E quando se fala em raiz no Peru, se fala em batata, mas também em milho, muito milho. E em roupas coloridas, ponchos, lhamas, sal, chocolate, folha de coca, ceviche e abóboras gigantes.

Pra quem não gosta de lugares bagunçados, cheios e não muito limpinhos, tem que passar longe. “Ah, mas eu adoro o mercadão de São Paulo, meu”, “Uai, o mercado de Belzonte é um trem bão demais, sô”. Tá, pra começar esses servem. Mas pode acrescentar uma boa dose de caos nessa receita. De miúdos de frango sendo cozidos, de carne sendo cortada ao ar livre, enquanto cachorros rondam o açougueiro na esperança de sobrar uma boquinha.

Sem frescurinha, mercados são dos passeios mais legais de fazer em qualquer cidade. Sempre tem coisa boa e barata pra comprar, como comidas típicas, lembrancinhas e até roupas. Nos mercados de Lima e de Cusco, as bancas de comida deixaram a gente louco com o cheiro bom. Por precaução, a gente não fez nenhuma refeição por lá. Pura precaução, ninguém quer um piriri no meio de uma viagem.

Mas em compensação, fizemos a festa com todos os petiscos de milho e batata que cabiam na mochila. As delicinhas fizeram companhia até o Brasil. Pra quem gosta de cozinhar, os sal de lá é bem bom, vem de salinas no deserto e custa baratinho. Aceitamos de presente se você comprar porque leu aqui.

Depois de dois dias de muita caminhada e manhã no mercado, fomos pro Barranco. Trocadilho dos mais infames, o bairro tem algumas das atrações noturnas e um dos locais que mais valem a pena ver em foto, a Ponte dos Suspiros.

Sério, você poderia descobrir isso sem ler aqui, ou até ter outra experiência lá, mas a nossa foi bem fué, pra usar uma palavra bem erudita. É uma ponte, pequena. Do lado, uma igreja com teto furado e um monte de urubus voando pra lá e pra cá. Aliás, na Plaza de Armas também é cheio de urubus, que apesar do nosso preconceito, é uma bela ave.

Mas voltando ao Barranco, fomos a pé, descobrindo a cidade. Os bairros de Lima são muito bem marcados, não é só por causa da placa que você percebe que está em um ou outro. Logo na entrada do Barranco, fica o Museu de Arte Moderna, que não é muito grande, mas vale a visita rápida se você estiver de passagem.

O bairro em si é uma pequena cidade de praia. Se Lima é meio São Paulo e Rio, Barranco é meio Paraty ou Ilhabela. Simpático, colorido, aconchegante e com vistas maravilhosas do Pacífico.

Acabamos o dia de volta ao Parque Kennedy – de táxi, pechinchando como os locais – onde um café com churros tirou todo o cansaço dos três dias e ainda deu energia pra aventura que ia começar no dia seguinte.

Partiu Cusco!

 

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