Gramado sem clichê

A primeira vez que fui a Gramado, soltei uma frase de efeito: “Gramado é a Las Vegas brasileira, só que sem cassino”. A frase é ruim, eu sei, mas não tão ruim quanto as fachadas das lojas de chocolate com aqueles bichos gigantes.

A verdade é que grande parte do que atrai o turista comum à cidade são atrações fabricadas, construídas. De museu de cera a parque dos dinossauros, de mini mundo a mundo a vapor, tudo é exagerado e porque não usar uma expressão que eu adoro e que sumiu do mapa: kitsch.

Agora que você voltou do Google e já sabe o que quer dizer kitsch, deixa eu te contar porque raios fomos pra Gramado de novo, em plena Páscoa.

Dessa vez a viagem era a 3, a gente queria mostra pra Marina todo esse mundo artificial, mesmo sabendo que ela ia se divertir mais com o exagero em si do que se encantar com bichinhos e trens pendurados.

Em termos de passeio é difícil fugir do lugar comum, embora seja fácil não cair nas armadilhas que custam 30 reais o ingresso. E vale lembrar sempre que Canela é muito mais bonita que Gramado.

Mas pra ficar no item COMIDA, se liga em 3 dicas de lugares pra fugir do esquema rodízio de fondue, galeto e café colonial.

 

@ Empório Canela

IMG_8567Teve gente querendo morar nessa mistura de restaurante, café, livraria e antiquário. Que além de ter uma seleção ótima de cervejas artesanais gaúchas e importadas, ainda tem gente que entende e sabe indicar as melhores harmonizações.

Dizem que a segunda vez que você vai num lugar que achou muito legal na primeira é sempre decepcionante. Mentira. No Empório Canela os olhos brilham do mesmo jeito. A cozinha tem boas opções de carne e massa e mantém o ótimo nível, tanto no ponto da carne quanto nos molhos.

E ainda dá pra sair de lá com um livro debaixo do braço, quer melhor?

 

@ TORO

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Quando se fala em “monte seu hamburguer” me dá um arrepio. Já penso em gente colocando tanta coisa no meio dos pães que a carne vira um detalhe. Aqui no Toro não se chega a tanto, as opções são restritas, mas permitem combinações bem interessantes. Tirando uma geléia de uva, que ninguém na mesa (nem o garçom que nos atendeu) teve coragem de colocar, é mais uma questão de escolher entre o tipo de pão, queijo, bacon (sim ou com certeza) e se você se sentir culpado, pode até incluir uma salada.

O estilo da casa também vai na onda retrô-vintage-moderninho, com muita barba na cara e coque samurai na cabeça. Enquanto esperava a comida, vi a banda se arrumar no palco/escada. Já estava preparado pra covers e covers de AC/DC, Led Zeppelin e Guns, mas os caras começam com Fly me to the Moon e engatam outros clássicos do jazz e até alguns roquenrol com levada jazzística. Surprise, motherfucker!

Mas voltando ao que interessa, o pão é macio e saboroso e pra acompanhar o hambúrguer bem feito, vem os chips de polenta, que por si só já valem a visita. E tem uma boa seleção de cervejas artesanais locais. A conta ficou levemente passada do ponto, um pouco pelo valor de cada sanduiche, um pouco pelo (merecido) couver artístico, mas vale a pena.

@ Taberna MF – Resto Beer

IMG_8607Mais de 70 cervejas num bar é algo fora do comum, mas nem tão raro assim. Agora, se todas são criações exclusivas de um mesmo mestre cervejeiro, aí é diferente. O Taberna merece o respeito de todo cervejeiro que se preze.

Perdido entre tantas opções, dá pra contar com o atendimento que sabe do que está falando e ouve o que você gosta pra dar boas sugestões.

O cardápio é simples no design, mas bem organizado, separado por estilos. Não chegamos a comer lá, porque foi o dia do almoço-clichê-exagero na galeteria, mas todos os pratos que vimos passando pelo salão tinham uma bela apresentação e há todo uma filosofia de harmonização de comida com cerveja levada bem a sério. Fica pra próxima.

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