Uma etapa em que a pior parte foi achar o hotel na chegada é uma boa etapa.
Mas o clima no café da manhã era levemente tenso. O susto de ontem ainda pesava, ninguém escondia. Nessas horas, a gente conversa e sempre chega a mesma conclusão: vamo com tudo, porra.
Claro que aprendemos a lição e às 8h já estávamos na rua. O caminho tinha duas grandes subidas, a pior logo no início: 1.040 de elevação que a gente fez na boa, com sombra e água fresca.
A previsão do tempo no celular se mostrou irritantemente precisa e às 10h as nuvens foram dar uma volta e o sol castigou.
Era hora de enfrentar de novo o quarteto sol, calor, umidade e inclinação. Mas dessa vez, a gente tinha bebido muita água, isotônico e chá mate. Bem hidratados e alimentados, foi só uma questão de fôlego, força e paciência pra chegar no topo.
No caminho, pequenas quedas d’água e represas fazem a gente pedalar sempre com som de água. A vontade de chegar logo e as cercas de arame farpado tiram um pouco a vontade de parar e se refrescar.
Refresco mesmo é descer a 50km/h na sombra, sem se importar com o peso da bagagem.
E é bom aproveitar porque depois são pouco mais de 10 km de estrada de chão esburacada e paralelepípedos até chegar na ponte de Indaial.
De banho tomado, bicicletas guardadas no próprio quarto do hotel, atravessamos a estrada a pé por motivos de falta de passarela e de Churrascaria Ataliba do outro lado.
Passar a véspera de Natal em uma cidade pequena não é novidade pra nós. Sabendo que tudo fecha no maximo as 18h, almoçamos bem (com direito a um raro pudim de leite condensado feito do jeito certo na sobremesa) e fomos comprar nossa ceia de natal no supermercado.
Queijo, torradinhas, patê, uvas, cerveja. Uma ceia fria, sem fogão, mas com dois corações pegando fogo. De amor e de vontade de pedalar mais cinco dias.