Partindo do norte de Santa Catarina, um roteiro completo pra 10 belos dias de estrada.
Cabo Polônio
Praia, aventura 4×4, aldeia hippie e leões marinhos. Muitos leões marinhos. Cabo Polônio fica a 100 km de Chuí, última cidade brasileira antes da fronteira.
Dica: Nós chegamos em Chui no meio da tarde, deu tempo de se instalar no hotel, dar uma olhada nos free shops e comer uma pizza. (não tem mais nada pra fazer nesse fim de mundo)
Saindo cedinho de Chuí dá pra passar o dia em Cabo e ainda chegar em Punta del Este com sol (lembrando que escurece bem tarde nessa região, lá pelas 21h, 22h)
O esquema de Cabo é o seguinte: vc estaciona na sede/museu da reserva ecológica e pega um caminhão 4×4 pra ir até a praia. São 40 minutos sacolejando pelas dunas, com uma vista incomum (tentem ir no segundo andar do caminhão em uma das viagens). A praia em si não é nada demais, mas o ponto final do caminhão é numa vilazinha hippie, toda colorida.
Mas é nas pedras que o negócio fica bonito: há uma colônia de leões marinhos numa ilha próxima e os machos que perdem as brigas fogem para a praia. É impressionante a quantidade de animais e como dá pra chegar perto deles. Além disso, ainda tem um farol com trocentos degraus de escada e uma vista que dá um frio na barriga.
Pra almoçar, é só escolher um dos vários restaurantes de madeira. Daí é pegar o caminhão de volta e seguir pra Punta.
Punta del Este
De Cabo Polonio pra Punta são 150 km. Tentem pegar a Ruta 10, que vai pelo litoral. Vcs vão chegar em Punta pelo lado mais Hollywood/Jurerê Internacional da cidade, com mansões à beira mar tão abertas, envidraçadas e transparentes que dá até uma sensação esquisita.
Punta é um clichê simpático: praias lotadas de turistas, cassino lotado de turistas e ruas lotadas de turistas. Chegando de tarde, dá pra fazer os passeios obrigatórios a pé (a mão gigante na praia, comer uma milanesa no almoço, um café na calçada de tarde, uma baladinha e uma esticada no cassino só pra ver o ridículo do povo que leva a sério um lugar desses).
No outro dia de manhã, enfiem as malas no carro e se mandem pra Montevideo, mas antes parem na Casa Pueblo, aquela construção branca e estranha que inspirou o Vinícius de Moraes a escrever “era uma casa muito engraçada, não tinha teto não tinha nada”. A casa é uma escultura/museu/galeria de arte do artista plástico Vilaró, um patrimônio cultural do Uruguay. Fomos uns dos últimos a vê-lo na casa, porque o velhinho bateu os pincéis em fevereiro desse ano. Mesmo sem a chance de encontrar uma lenda viva na própria obra de arte, vale a visita. Como a casa fica a uns 15 km do centro de Punta, o melhor é parar lá a caminho de Montevideo mesmo.
Montevideo
A capital do Uruguay é charmosa, pequena e amigável. Passeios imperdíveis: centro histórico (peguem um mapa e escolham antes o que ver, não dá pra entrar em todos os museus e casas históricas) com almoço no Mercado Municipal (meio engana turista, mas vale a pena pela tradição).
Visitem o Teatro Sólis por nós. Bem no dia em que fomos lá os funcionários estavam em greve, os malditos.
Um passeio novo é o mercado agrícola, que tem mais jeito de mercado municipal estilo São Paulo ou Curitiba. Tem uma microcervejaria bem esperta, peçam a tábua de degustação com cervejas diferentes. Bom pra comprar molho chimichurri, doces e outras guloseimas. Aqui tb tem uma “casa da nonna”, não com esse nome, mas com massas caseiras.
Perto do hotel tem bons bares. Lembro de 2: um pizza bar com mesa de sinuca e outro com decoração bem diferente, cheio de coisas nas paredes, meio rock & roll, onde tomamos uma jarra de cerveja artesanal e comemos um sanduiche (milanesa!) bem bom. Se virem pra achar, não lembro o nome.
Pra quem gosta de futebol tem o Estádio nacional, com museu do futebol uruguaio (talvez tenham atualizado com uma dentadura do Suarez). O estádio é decadente e o museu antigo, mas a simpatia e o conhecimento de futebol do cara que cuida dele valem a pena. Mas é pra quem curte futebol.
Táxis são um caso a parte. Os motoristas voam e vc fica separado deles por um vidro, paga a corrida por um buraquinho. É divertido. Andamos muito de táxi, pra não estressar procurando endereços e vagas de estacionamento.
Colonia del Sacramento
Fica a 180 km de Montevideo. Saiam cedo, cheguem ainda de manhã, comprem a passagem do Buquebus pro meio da tarde e aproveitem essa cidadezinha fofa, velha e deliciosamente caindo aos pedaços. Dizem que Colonia é a Paraty do Uruguay, mas a gente pode dizer que é a São Chico.
A cidade tem fortes antigos, ruínas, um farol e um clima bem legal. Almoçamos em um restaurante de esquina, bem colorido. Peixe, claro.
A travessia de Buquebus leva uma hora. É bom chegar ainda de dia em Buenos Aires, por causa do trânsito.
Buenos Aires
El Caminito é um labirinto de lojas de tranqueiras, dançarinas de tango, bares e restaurantes. Dá pra esticar o passeio até a Bombonera, o estádio do Boca Juniors. O estádio e o museu são mais modernos que o primo do Uruguay. É mitológico mesmo pra quem não gosta muito de futebol.
No centro tem a casa Rosada, com o povo protestando eternamente na frente e a Igreja do Papa Francisco (Catedral Metropolitana, enorme e cheia de ouro). Dali se parte para a Calle Florida (compras), Livraria o Ateneo (belíssima, era um teatro; vale um café onde era o palco!) e Teatro Colón (que tb não conseguimos visitar porque era período de férias).
Puerto Madero: não comemos em nenhum restaurante lá, só visitamos um navio de guerra bem interessante.
Helado: tomem bastante sorvete, uma das melhores sorveterias é a Volta (Una outra volta é o nome completo), tem perto do hotel e do Ateneo. O calor no fim do ano é forte pacas.
Buenos Aires é uma cidade grande, cheia de parques. O segredo é pegar taxi até um ponto estratégico e andar bastante por lá. Geralmente tem 3 ou 4 pontos de interesse perto uns dos outros.
Outlets: tem uma rua cheia deles, mas os preços não estavam nada interessantes. Mesmo com o cambio favorável, a inflação argentina está feia.
Hotéis
Esses são os hotéis que ficamos, tudo reservado via Booking.com.
A gente não lembra de nenhum nome de restaurante ou bar ou café, mas comemos e bebemos bem sem precisar ir muito longe de onde nos hospedamos. Por isso, façam como nós: descubram fuçando, olhando e confiando nos instintos.
Godoy Cruz 2888, Palermo, C1425FQN Buenos Aires, Argentina
É um flat, com cozinha bem equipada e sem serviço de hotel. A cama podia ser melhor, mas a localização é ótima. Em Buenos Aires o melhor é não ter café da manhã, assim vc pode escolher um café diferente a cada dia pra tomar seu cortado com media lunas.
Arturo Prat 3755, Buceo, 11300 Montevidéu, Uruguai
Hotel mais estilo executivo, bem confortável e com café da manhã ótimo. Fica perto da rambla, a avenida beira mar que é deliciosa de caminhar.
Calle 28 Casi Gorlero, Peninsula, 20100 Punta del Este, Uruguai
Pertinho de tudo, confortável, bom café da manhã, piscina aquecida no subsolo e funcionários mega atenciosos.
General Artigas y Arachanes, 27100 Barra del Chuy, Uruguai
Mais ou menos limpo, café mais ou menos e é tudo o que se pode esperar numa fronteira.