Cerrado na Chapada

Chapada dos Veadeiros

Pra completar o trio das chapadas mais conhecidas do Brasil, faltava só essa. Já tínhamos passado pela Chapada dos Guimarães (MT) e pela Diamantina (BA) e como o combo trilha + cachoeira nunca sai de moda, chegou a hora de conhecer mais uma.

Assim como nas outras duas, a viagem foi feita toda de carro, partindo de Santa Catarina. São quase 2 mil quilômetros de estrada, feitos em duas pernadas com um pernoite em Uberlândia na ida e em Ribeirão Preto na volta – já fica a dica pra você conhecer o bar da fábrica da cervejaria Colorado, um dos melhores bares de cervejaria que a gente já conheceu (e a gente conhece alguns por aí).

Ficamos numa pousada bem no estilo da chapada, com cabanas individuais, rede na sacada, bem simples, mas com uma bela estrutura com piscina aquecida, banheira com cromoterapia e um jardim realmente lindo e gostoso de ficar.

Na Chapada dos Veadeiros, como em praticamente todas, sua pousada é só um ponto de apoio. De lá você sempre tem que pegar uma estrada e depois uma trilha. Como a gente tava de carro, a rotina era sempre pegar o guia no caminho e seguir com ele.

Além de conhecer bem a região, o Moa ainda é um cara gente boa, tranquilo e que viajou o mundo. Inclusive deixamos meio livre pra ele definir quais eram os rolês imperdíveis pra fazer em nossos 4 dias na região.

Dia 01

Macaquinhos, Cachoeira do Encontro, Cachoeira da Caverna e do Jump.

Os nomes são quase óbvios, mas as paisagens nem tanto. No primeiro dia, já deu aquela emoção de pular de uns 2 metros de altura direto na água gelada. E como tava deserto, deu até pra tirar a sunga um pouco.

Lembrando que o sol bate forte, a umidade é baixa, então a sua mochila tem que ter muita água, protetor solar, camiseta de manga longa e chapéu.

Dia 02

A Cachoeira do Segredo é um pouco mais estilo tradicional de cahoeira, uma queda alta e fina, uma piscina meio redonda, muita pedra em volta e no fundo. Mas o melhor mesmo é o rio, que tem trechos pra tomar banho em que a água é transparente demais, com uma luz surreal entrando entre a vegetação.

Depois de lá fomos no Vale da Lua, um dos passeios mais tradicionais e conhecidos da Chapada dos Veadeiros, e pra variar, um dos mais sem graça. Sem sacanagem, o lugar é bonito, o rio passa embaixo das pedras e no fim tem uma parte mais aberta onde dá pra sentar e se refrescar, mas na época que a gente foi, fim do período mais seco, nem dava pra nadar – e aí perde mais da metade da graça, convenhamos.

Dia 03

Almecegas fica no Vale dos Couros, que tem esse nome porque em outros tempos as águas do rio eram usadas pra lavar o couro dos animais recém abatidos. A trilha pode ser feita por duas direções, a gente começou descendo pela Almecegas (e eu dei de cara com uma árvore, mas tudo bem, só quebrou meus óculos escuros).

Essa cachoeira é bem diferente, tem uma laje de pedra enorme que dá a base pra piscina, com lugares mais rasos e mais fundos. Dá pra aproveitar de vários jeitos: sentadinho com água na cintura, nadando, achando uma quedinha pra massagear os ombros e o que mais você inventar.

Saindo de lá, atravessamos um vale com uma vista linda, andamos na beira do rio e atravessamos até a Cachoeira da Muralha. No caminho, muito passarinho, eles se acostumaram com as pessoas e seus lanches.

Dia 04

Toda a Chapada dos Veadeiros tem uma certa mística em torno de seres de outros planetas, energia cósmica, cristais e aquele papo esotérico good vibes. A Chapada Alta é mais raiz e ao mesmo tempo muito mais ligada na natureza em si, o que acaba criando uma atmosfera meio mística. Deu pra entender?

Talvez porque a gente anda, anda e além de curtir a paisagem e tomar uns banhos de cachoeira, a altitude muda. Como obviamente o nome já entrega, as trilhas são para o alto e avante, com direito a uns trechos um pouco assustadores pra quem, como eu, tem um leve medinho de altura.

Outro ponto que faz a diferença é o almoço, na casa de moradores locais. Comida de verdade, feita no fogão a lenha e muita conversa sobre a natureza, a vida na Chapada, preservação do meio ambiente e até eleições (era fim de agosto, campanha pra presidente começando a pegar fogo).

Pra gente que é turista, esse pequeno vislumbre do que é a vida de verdade no local, mesmo com toda intermediação do guia, é uma chance de conhecer melhor nosso próprio país. E como esse Brasil é grande e diferente.

Quanto mais a gente viaja – e de carro tudo fica mais rico – mais a gente percebe e entende que as diferenças entre as regiões formam o verdadeiro Brasil brasileiro. E a gente precisa conhecer mais os cantos, as comidas, os cheiros, as paisagens e climas dessa terra.

Onde comer

Pizza no Cantinho das Delícias, com direito a forno a lenha no meio do salão, pra você ver a magia acontecendo ao vivo

Restaurante da Dona Eleusa no meio do Vale dos Couros

Restaurante Nenzinha, na vila São Jorge, pegue uma mesa embaixo da árvore e curta os passarinhos

Pôr do sol no Bar do Mirante: o ingresso é salgadinho, a vista é realmente linda

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